Unidade Recicladora de Plástico: Implementação com Qualidade
A destinação final dos resíduos sólidos, principalmente plásticos, representa uma das grandes preocupações da sociedade atual: o desenvolvimento tecnológico crescente gera refugos em grande quantidade, prejudicando o ambiente e a população. A reciclagem tem sido uma promissora rota para desviar esses rejeitos dos lixões ou aterros sanitários e reduzir custos de produção, substituindo matéria-prima virgem.
Sabe-se que os plásticos se degradam muito lentamente e são bastante resistentes a radiações, calor, ar, água, representando cerca de 6 a 7% em peso e 16% em volume nos resíduos sólidos urbanos. Eles estão presentes em toda a cadeia produtiva, sejam como expurgo de produção (borras, produto off spec) ou como resíduos oriundos de diversas áreas, tais como: embalagens, sacolas, filmagem de produtos, acondicionamento de matérias-primas e peças, sobras de escritório, entre outros. Esses materiais são polímeros produzidos a partir de processos petroquímicos, sendo o tamanho e estrutura da molécula do polímero que determinam as propriedades do material plástico, que são divididos em duas categorias importantes: termofixos e termoplásticos.
Os termofixos, que representam cerca de 20% do total de plástico consumido no país, são materiais que uma vez moldados por um dos processos usuais de transformação, não podem mais sofrer novos ciclos de processamento, pois acabam não fundidos, o que impede nova moldagem, ou seja, não são passíveis de reciclagem. Como exemplos, temos o baquelite, Poliuretanos (PU) e Poliacetato de Etileno Vinil (EVA), poliésteres e resinas fenólicas.
Já os termoplásticos, mais largamente utilizados, são materiais que podem ser reprocessados várias vezes pelo mesmo ou por outro processo de transformação. Quando submetidos ao aquecimento a temperaturas adequadas, esses plásticos amolecem, fundem e podem ser novamente moldados, sendo passíveis de reciclagem. Como exemplos, podem ser citados, o polietileno de baixa densidade (PEBD); polietileno de alta densidade (PEAD); policloreto de vinila (PVC); poliestireno (PS); polipropileno (PP); polietilenotereftalato (PET) e poliamidas (PA).
Aliando as questões ambientais ao fato dos plásticos apresentarem-se como destaque entre os resíduos recicláveis coletados pela Apoio Ambiental, sendo aqueles produzidos em volumes significativos numa boa parcela dos seus clientes e com elevado potencial de reaproveitamento, a organização implementou sua infra-estrutura no ano de 2011 para viabilizar o beneficiamento destes resíduos, produzindo dessa forma, pellets de plástico reciclado.
Ressaltamos que a fabricação de plástico reciclado economiza 70% de energia, considerando todo o processo desde a exploração da matéria-prima até a formação do produto final. Isso pode ser entendido como uma alternativa para as oscilações do mercado abastecedor e também como preservação dos recursos naturais, o que pode reduzir inclusive, os custos das matérias-primas já que o plástico reciclado possui infinitas aplicações, tanto nos mercados tradicionais das resinas virgens, quanto em novos mercados.
O produto oferecido pela Apoio Ambiental consiste no plástico granulado, obtido preferencialmente a partir de sucata pré-selecionada de polietileno e é destinado às indústrias fabricantes de artefatos/peças plásticas, moldadas principalmente por extrusão, injeção e sopro.
O processo de reciclagem do plástico pode ser divido em quatro categorias: primária, secundária, terciária e quaternária. A reciclagem primária e a secundária são conhecidas como reciclagem mecânica, o que diferencia uma da outra é que na primária utiliza-se polímero pós-industrial e na secundária, pós-consumo. A reciclagem terciária também é chamada de química e a quaternária de energética.
A reciclagem mecânica, forma de reaproveitamento mais difundida no Brasil e aplicada pela Apoio Ambiental, consiste na combinação de um ou mais processos operacionais (seleção, moagem, aglomeração, extrusão, granulação) para conversão dos resíduos plásticos (descartes plásticos pós-industriais e pós- consumo) em grânulos com a mesma atuação e características do plástico virgem, que podem ser reutilizados na produção de outros produtos, como sacos de lixo, solados, pisos, conduítes, mangueiras, componentes de automóveis, fibras, embalagens não-alimentícias e outros.
Nesse processo após os resíduos plásticos serem coletados na unidade geradora e encaminhados para nossa unidade de reciclagem, eles são segregados por tipo, aspecto físico, coloração, contaminantes químicos, de acordo com a identificação ou com o aspecto visual. Nesta etapa são separados também rótulos de diferentes materiais, tampas de garrafas e produtos compostos por mais de um tipo de plástico, embalagens metalizadas, grampos, dentre outros materiais.
Posteriormente, o plástico é moído por um moinho de facas e após ser triturado, passa por uma etapa de lavagem para a retirada dos contaminantes e volta ao processamento industrial. Nessa etapa, o excesso de água é retirado em um secador rotativo e, após a secagem, o material é transferido para o aglutinador, que tem a forma de um cilindro contendo hélices que giram em alta rotação e aquecem o material por fricção, transformando-o numa pasta plástica. Além de completar a secagem, o aglutinador compacta o material, reduzindo-se assim o volume que será enviado à extrusora. O aglutinador também é utilizado para incorporação de aditivos - como cargas, pigmentos e lubrificantes.
Em seguida, é aplicada água em pequena quantidade para provocar resfriamento repentino, que faz as moléculas dos polímeros se contraírem, aumentando sua densidade. Assim, o plástico adquire a forma de grânulos e entra na extrusora, máquina que funde e dá aspecto homogêneo ao material que é transformado em tiras. Na saída da extrusora, encontra-se o cabeçote, do qual sai a tira contínua. Nessa última etapa, as tiras de material derretido passam por um banho de resfriamento, que as solidificam. Depois, são picotadas em grãos, chamados "pellets", ensacados e vendidos para ás indústrias fabricantes de artefatos plásticos, que podem misturar o material reciclado com resina virgem para produzir novas embalagens, peças e utensílios.
Nesse contexto, a reciclagem dos plásticos torna-se claramente importante não apenas pelo volume gerado e facilidade de reindustrialização, mas sobretudo pela sua característica de não degradabilidade quando disposto de forma inadequada em aterros industriais ou pela geração de toxinas, quando submetidos a processos de incineração.
Vale ressaltar, que a disposição em aterros industriais ainda é o destino de boa parte dos resíduos plásticos que poderiam ser reciclados, em função de suas características alteradas pelas mais diversas causas, tais como: contaminados com óleo e graxa, com lama pela falta de cobertura e piso em baias, por água de chuva, ressecamento pelo sol ou misturados com resíduos perigosos. Todas estas inadequações ocasionam perda de qualidade do material a ser reciclado e uma impossibilidade das empresas de reciclagem na sua coleta para reindustrialização.
Sendo as empresas industriais geradoras intensivas de resíduos plásticos, tanto pela via da produção de seus produtos e serviços, quanto pela aquisição de diversos materiais que possuem o plástico na sua composição/estrutura, observa-se que ações de melhoria da gestão ambiental para a destinação adequada destes resíduos assumem real importância para um conjunto de empresas que buscam ampliar seu nível de sustentabilidade e sua relação com o ambiente natural.
Priscila Silva
Bióloga
http://lattes.cnpq.br/1689779847306153